Critica do filme Sombras da Noite

 

Após o deslize Alice no País das Maravilhas, o incrível Tim Burton volta a produzir filmes que refletem a sua arte. Claro que Sombras da Noite não é um filme magnífico ao nível de Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, mas, ainda assim, é um autêntico Tim Burton.
 
O diretor não foi fiel à série homônima, foi mais do que isso. Foi saudosista, prestando uma homenagem inigualável a esse marco do terror. Com personalidades dignas e contexto mais pomposo, Burton deu nova vida aos personagens, ainda que com uma pitada de si e excêntrico humor.
 
Como de praxe, a direção de arte é impecável, digna de premiações, e fecunda ao desenvolvimento da trama. Certamente, o filme seria menos sem esse grandiosíssimo detalhe. Resgatando um ponto bastante destacado no início da série dos anos 1960, a nova versão dá destaque às pinturas, que não só são peças chave para o reconhecimento temporal dos personagens, mas também excelentes narradores mudos.
 
Com um roteiro de Seth Grahame-Smith (que parece ter entrado para o clubinho Burton-Depp-Elfman), todos os atores parecem à vontade em seus papéis. Os diálogos são adequados e identificam cada indivíduo que, embora não sejam unidimensionais, são caricatos o suficiente para se destacarem por suas características principais. Não há atuação capaz de nos arremessar com um baque para fora da tela, a fantasia é perfeita e natural, enquanto a trama se desenrola com fluidez.
 
Danny Elfman, conhecido por fazer as belíssimas trilhas características dos filmes de Burton, não embala Sombras da Noite em criações geniais, mas não chega a ser genérico o suficiente para não ser notado. Assim como o cineasta, Elfman reformula as trilhas típicas dos antigos terrores e adéqua-as ao seu estilo. Apenas sentimos falta de um tema reconhecível.
 
Outro elemento impossível de ser ignorado é a utilização constante de referências, seja aos próprios filmes (Marte Ataca!, Ed Wood, Vincent), seja a clássicos do terror/horror como Drácula, Nosferatu e, até mesmo, O Exorcista.
 
Sombras da Noite é uma comédia para todos os gostos e, ainda assim, bastante inteligente. Explora um personagem de uma época distante inserido em tempos de mudanças sem, em momento algum, se perder no próprio contexto. Com segurança consegue convencer com uma história simples e bastante previsível.
 
E vale avisar aos fãs da “saga” Crepúsculo que essa obra trata de vampiros de verdade. Barnabas Collins é dos clássicos.