Critica do filme O Vingador do Futuro

 

Apesar de ter sido lançado em 1990, O Vingador do Futuro retrata bem a cara dos anos 80. Conta com figurinos característicos e efeitos especiais limitados às possibilidades da época, isso sem falar na presença do astro Arnold Schwarzenegger. O filme, no entanto, nunca foi datado, graças ao ótimo trabalho de direção de Paul Verhoeven e pelo texto original atemporal de Philip K. Dick. Por isso, não caiu bem a notícia de que Hollywood estaria preparando uma continuação, ainda mais uma realizada pelo pouco inspirado Len Wiseman (Anjos da Noite).
 
Felizmente, o novo longa acabou surpreendendo e funcionando significativamente com uma ação futurística. Ainda é inferior ao original, mas isso não quer dizer que não seja efetivo em gerar entretenimento. Apostando num tom mais realista, O Vingador do Futuro (2012) foca suas atenções na Terra, deixando de lado o sonho do personagem principal de visitar Marte.
 
Doug Quaid (Colin Farrell) é um trabalhador comum que não tem dinheiro para tirar as férias dos seus sonhos. Com isso, procura a companhia Recall, que oferece o serviço de inserir memórias na mente das pessoas. A experiência dá errado e ele começa a suspeitar que é um espião.
 
O novo Total Recall (no original) conta com ótimos efeitos visuais e com sequências de ação de tirar o fôlego. Tais cenas funcionam principalmente pela forma urgente e desesperada que são realizadas. O personagem principal não sabe porque está sendo perseguido e também não tem total conhecimento de suas capacidades, por isso foi ótima a opção por o fazerem meio atrapalhado. Em uma perseguição nos telhados, por exemplo, é legal perceber que ele vai seguindo em frente, mas sempre trombando e caindo diante de obstáculos.
 
Tal naturalidade é fundamental para fazer do filme algo interessante. Só foi uma pena que cortaram o roteiro boa parte do tom ácido de "Lembramos para você a preço de atacado", texto de Dick que deu origem aos dois longas. Verhoeven é um diretor conhecido por seu tom político e, sem dúvida, o fato de Wiseman não ser tão engajado acabou afetando o resultado final.
 
Em defesa do novo diretor, ele ao menos possibilitou que sua bela esposa Kate Beckinsale participasse do longa. A atriz interpreta a esposa de Quaid, que acaba assumindo o posto de antagonista com o tempo. Ela assumiu o papel que foi de Sharon Stone, com a diferença que a personagem da última versão representa uma ameaça maior e mais constante a Quaid. Stone está bem (e também linda) na obra de 90, mas não se entrega fisicamente como Beckinsale.
 
Quem também se sai bem é Jessica Biel, que tem como principal vantagem o fato de ser muito, mas muito mais bonita que a intérprete original de sua personagem, a sumida Rachel Ticotin. Bryan Cranston, John Cho e Bill Nighy completam o elenco.
 
Sempre muito criticado - algumas vezes injustamente - Colin Farrell se mostra um grande nome para longas de ação. Ele tem uma entrega física impressionante e também convence nos momentos em que precisa. As duas versões de O Vingador do Futuro merecem ser conferidas.