Critica do filme Cosmópolis

 

Falando sobre o tempo e os avanços da tecnologia, em suas elucubrações sobre o destino da sociedade, Cronenberg cria uma fita feita para ser atemporal. Pela profundidade de seus ótimos personagens, o filme pode gerar desconforto ao espectador por conta da variedade de informações a cada minuto.
 
Na trama, conhecemos Eric Packer (Robert Pattinson) que faz uma viagem de descobertas perigosas, a bordo de uma limusine, para conseguir um corte de cabelo - ter ameaças contra sua vida traz ao personagem a sensação de liberdade. Seguindo rumo a seu objetivo, encontra os mais excêntricos e brilhantes personagens que, de certa forma, contribuem para que mudanças ocorram no seu entendimento sobre a vida e a sociedade.
 
Com muitas personalidades e uma alta profundidade nos diálogos, este é um longa para quem gosta e entende o cinema de Cronenberg. A história gira em torno do supracitado personagem principal: um bilionário, inconsequente, que gosta de números e ‘ama’ muitas mulheres nessa sua caminhada. Para dar vida a tal excentricidade, qualquer ator poderia ter sido escolhido. Pattinson se esforça, mas quem comanda o show é o veterano diretor David Cronenberg.
 
Mesmo que você goste e entenda as ideias originais do cineasta, alguns diálogos dificultam o entendimento da trama, às vezes mais difícil que definir a extensão do número PI (destaca-se a alma matemática deste roteiro). Rumores são gerados para definir as conclusões de ações e seus impactos. São conversas profundas, difíceis de digerir; se faz necessária muito atenção a cada detalhe. Uma dica, se você se sentir perdido pense: o impacto da tecnologia é destrutivo, esse é o cenário!
 
Síndromes x Complexos. Esse combate, proposto brilhantemente já no desfecho da trama, leva o público a entender melhor o protagonista, de ‘próstata assimétrica’, e o mundo de desespero em que os outros vivem, não ele. Sua debochada alienação à realidade faz nascer importante revolta dentro do mesmo, trazendo-lhe um espírito de liberdade totalmente inconsequente.
 
Tecnicamente excelente, “Cosmópolis” receberá muitas críticas negativas, mas sem dúvidas é um dos grandes trabalhos desse visionário diretor canadense.