Critica do filme A Casa Silenciosa

 

Em Festim Diabólico, Alfred Hitchcock sonhou fazer um longa-metragem num único plano, sem cortes. Não conseguiu por falta de recursos, embora tenha usado muitos truques de filmagem para criar a ilusão de que a história era contada assim.
 
Muitos anos depois, em 2002, Alexandr Sokurov realizou o sonho hitchcockiano com seu A Arca Russa, exibindo 99 minutos de tomada única.
 
O primeiro não pôde ser realizado pois estava limitado à duração de uma bobina de negativo de 35mm. Já o segundo aconteceu graças à era digital.
 
Toda essa introdução serve para falar de A Casa Silenciosa, refilmagem hollywoodiana da produção uruguaia A Casa (La Casa Muda), que também é anunciado como um filme narrado em plano sequência com 88 minutos de terror psicológico.
 
Acreditamos ou não acreditamos nisso? Embora a sensação do plano-contínuo seja preservada, há, no filme, momentos de escuridão total, onde não sabemos se o diretor quis seguir à risca o filme uruguaio ou realizou cortes falsos. E, apesar de odiar ser daquele tipo de pessoa que presta atencão à continuidade para encontrar algum erro, não pude deixar de ver que a mancha de sangue no corpo da garota e em suas roupas muda de lugar em determinado momento.
 
A história é baseada em um caso real de assassinato da década de quarenta e traz Elizabeth Olsen no papel principal. Na trama, a garota acompanha o pai e o tio à antiga casa de veraneio da família com o intuito de reformá-la. Tudo parece corrrer bem até que começam a ouvir estranhos barulhos. Pronto. Começou o terror. Portas trancadas, tensão, sustos, efeitos sonoros e o velho truque de sugerir mais e mostrar menos.
 
O trabalho de câmera bem feito também ajuda a manter o suspense, mas sem ser cansativo como em A Bruxa de Blair. Elizabeth Olsen, que na vida real é irmã das gêmeas e também atrrizes Mary-Kate e Ashley Olsen, está impecável em sua atuação. Verdadeira e nada exagerada, faz seu medo escorrer pela telona.
 
O longa tem direção da dupla Chris Kentis e Laura Lau (de Mar Aberto) e estreou no Festival de Sundance 2011.